ATA DA PRIMEIRA REUNIÃO ORDINÁRIA DA QUARTA COMISSÃO
REPRESENTATIVA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 08-01-2004.
Aos oito dias do mês de janeiro de dois
mil e quatro, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a
Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e
trinta minutos, foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores
Carlos Alberto Garcia, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Luiz
Braz, Margarete Moraes e Zé Valdir, Titulares. Ainda, durante a Reunião,
compareceram os Vereadores Carlos Pestana, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão,
Darci Campani, Ervino Besson, Raul Carrion e Valdir Caetano, Titulares.
Constatada a existência de quórum, a Senhora Presidenta declarou abertos os trabalhos.
À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador João Antonio Dib, o Pedido de
Providências nº 2933/03 (Processo nº 7058/03) e o Pedido de Informações nº
215/03 (Processo nº 7050/03); pelo Vereador João Carlos Nedel, os Pedidos de
Providências nos 2930, 2931 e 2932/03 (Processos nos 7031, 7032 e 7033/03,
respectivamente) e o Pedido de Informações nº 212/03 (Processo nº 6955/03).
Também, foi apregoado o Ofício nº 002/04, do Senhor Prefeito Municipal de Porto
Alegre, encaminhando Veto Parcial ao Projeto de Lei do Legislativo nº 122/02
(Processo nº 2002/02). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 616, 617, 624,
657 e 681/03, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÕES, o
Vereador Carlos Alberto Garcia reportou-se à Lei Municipal nº 8.878, de vinte e
três de janeiro de dois mil e dois, originária de Projeto de Lei de sua
autoria, que trata do cadastramento de telefones celulares pré-pagos. Nesse
sentido, leu a exposição de motivos relativa a esse Projeto e lembrou o
pioneirismo dessa iniciativa no Brasil, ressaltando que, a partir daí, foram
implementadas legislações semelhantes em âmbito estadual e federal. O Vereador
Isaac Ainhorn, cumprimentando a Vereadora Margarete Moraes pela posse na
Presidência da Mesa Diretora, mencionou a responsabilidade na condução dos
trabalhos deste Legislativo. Ainda, registrou que irá requerer autorização para
o funcionamento da Comissão Especial instaurada com o objetivo de avaliar e
discutir os três primeiros anos de implantação do Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano Ambiental do Município de Porto Alegre. Após, constatada a existência de
quórum, foi aprovado Requerimento verbal, de autoria do Vereador Isaac Ainhorn,
solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão. Em
continuidade, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA.
Foi aprovado o Requerimento nº 010/04 (Processo nº 0189/04 - Autorização para
funcionamento, durante o período entre quinze de janeiro e quinze de fevereiro
do corrente, da Comissão Especial instaurada com o objetivo de avaliar e
discutir os três primeiros anos de implantação do Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano Ambiental do Município de Porto Alegre), de autoria do
Vereador Isaac Ainhorn. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Cláudio Sebenelo teceu
considerações acerca dos perigos do uso de fogos de artifício, citando caso
ocorrido no litoral gaúcho, durante as festas de fim de ano, quando um
comerciante de Porto Alegre morreu ao manusear um morteiro. Ainda, analisando
estatísticas sobre acidentes provocados por fogos de artifício, alertou para
que somente pessoas com preparo profissional adequado lidem com esses
artefatos. A Vereadora Clênia Maranhão avaliou que a diminuição da idade penal
não irá resolver o problema da criminalidade juvenil, justificando que os
argumentos em prol dessa proposta são frágeis e que a legislação brasileira
sobre o assunto é boa, desde que haja um atendimento adequado à primeira
infância. Também, reportou-se a relatório produzido pela Organização
Internacional do Trabalho, que trata da ocupação da mão-de-obra e exclusão
social brasileira. O Vereador Darci Campani sustentou que os fogos de artifício
não deveriam ser vendidos livremente à população e que os hábitos culturais
respondem por parcela significativa dos acidentes com esses produtos,
esclarecendo que, em Porto Alegre, é feito um trabalho eficaz na fiscalização
da venda desses produtos. Ainda, referiu-se aos dez anos de aprovação da Lei
Estadual das Águas, destacando a importância da implementação de políticas
públicas sobre os recursos hídricos. O Vereador Ervino Besson endossou os
pronunciamentos efetuados pelos Vereadores Cláudio Sebenelo e Darci Campani a
respeito dos perigos dos fogos de artifício. Também, enfocou a realização da
décima quarta edição da Festa da Uva e da Ameixa, a ser realizada a partir do
dia dez de janeiro do corrente, no Bairro Belém Velho, noticiando sua participação
como jurado na escolha da Rainha e Princesa desse evento. O Vereador João
Antonio Dib, tecendo considerações sobre aspectos da arrecadação de tributos
por parte da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, discursou criticamente a
respeito da política de valorização dos funcionários públicos municipais. Sobre
o tema, examinou dados relativos à entrada de recursos financeiros no erário e
alegou que esses valores são suficientes para a concessão de reajustes
bimestrais aos servidores do Município. O Vereador Luiz Braz debateu a
necessidade de maiores investimentos para o turismo no Município e para o
estímulo ao comércio local, especialmente durante a período do verão, quando há
uma migração de parte da população para o litoral. Ainda, aludiu à falta de
passarelas para travessia de pedestres nas avenidas da Cidade, defendendo
estudos para a cobrança de tributo das empresas de ônibus intermunicipais que
usam os corredores viários do Município. O Vereador Raul Carrion discutiu as
dificuldades enfrentadas por famílias ocupantes de área localizada na Rua
Atílio Supertti, propugnando por audiência com o Governador do Estado, a fim de
que seja destinada nova área para o reassentamento dessas famílias. Ainda,
manifestou-se sobre as exigências de identificação de turistas brasileiros e
norte-americanos para o ingresso, respectivamente, nos Estados Unidos da
América e no Brasil. O Vereador Zé Valdir questionou o posicionamento do
Governo do Estado na questão do reassentamento de famílias ocupantes de área
localizada na Rua Atílio Supertti, argumentando que o terreno indicado no
Bairro Belém Novo foi considerado inadequado para a construção de moradias.
Também, contraditou o discurso do Vereador João Antonio Dib, no que tange ao
pagamento da bimestralidade ao funcionalismo municipal e abordou a realização
do Fórum Social Mundial na Índia. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cláudio
Sebenelo comentou dificuldades financeiras enfrentadas pelo Governo Estadual,
afirmando ser esta uma situação geral dos Estados brasileiros e analisando as
causas que resultaram no déficit orçamentário atualmente observado. Ainda,
teceu críticas à política econômica seguida pelo Presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, do Partido dos Trabalhadores, à frente do Governo Federal. Em
COMUNICAÇÕES, o Vereador Reginaldo Pujol referiu-se à Lei Municipal nº
9.229/03, que define critérios para o serviço de transporte por lotação e
seletivo na Cidade, questionando o cumprimento, pelo Poder Executivo, dos
prazos para abertura do edital para constituição da primeira linha de
transporte seletivo direto, que deverá beneficiar especialmente o núcleo
habitacional do Bairro Restinga. A seguir, foi apregoado o Ofício nº 02/2004,
de autoria do Vereador Carlos Pestana, Líder da Bancada do PT, comunicando que,
a partir de hoje, os Vereadores Zé Valdir e Darci Campani assumem,
respectivamente, a 1ª e a 2ª Vice-Liderança da Bancada do PT. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Vereador Zé Valdir contestou pronunciamento hoje efetuado pelo
Vereador Cláudio Sebenelo, de críticas ao Governo Federal, declarando que a
política econômica seguida pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca a
afirmação do Brasil no contexto político e econômico mundial. Nesse sentido,
destacou aspectos positivos da implementação dessa política, como quedas
verificadas nas taxas de juros e no Índice de Risco Brasil. A seguir, o
Vereador Darci Campani prestou informações acerca dos prazos constantes na Lei
Municipal nº 9.229/03, referentes à implantação de linhas de transporte
seletivo direto em Porto Alegre, tendo se manifestado a respeito o Vereador
Reginaldo Pujol. Às onze horas e cinqüenta minutos, nada mais havendo a tratar,
a Senhora Presidenta declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores
Vereadores para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental.
Os trabalhos foram presididos pela Vereadora Margarete Moraes e secretariados
pelo Vereador João Carlos Nedel. Do que eu, João Carlos Nedel, 1º Secretário,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada por mim e pela Senhora Presidenta.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Havendo quórum, passamos às
Registramos
a presença do Ver. Raul Carrion.
O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra
em Comunicações.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sra. Presidenta, Srs. Vereadores,
senhoras e senhores, no dia 23 de janeiro de 2002, foi aprovada uma Lei nossa,
hoje Lei nº 8.878, que dispõe sobre o cadastro dos
compradores de telefone celular pré-pago no Município de Porto Alegre e dá
outras providências. Nós ingressamos com esse Projeto no ano de 2000. Vocês
podem perguntar: por que ele está falando de um Projeto de Lei de telefone
celular pré-pago? Porque, na época, esse Projeto, de nossa autoria, foi
pioneiro no Brasil. Causou uma polêmica muito grande, inclusive com as próprias
operadoras aqui de Porto Alegre que entendiam que um Vereador não poderia
legislar sobre essa matéria, que seria de competência federal. E, na
oportunidade, após inúmeras discussões com o Procon, com o Ministério Público,
entendeu-se que o objetivo principal do Projeto era de prever que os usuários
da nossa Cidade, que constantemente estavam sendo roubados e tendo seus
telefones furtados, tivessem uma segurança maior, era uma maneira de fazer
isso. Após inúmeras discussões, foi colocado que, se o Projeto fosse aprovado,
o usuário da Cidade de Porto Alegre que tivesse o seu telefone furtado poderia
entrar com uma reclamação junto ao Procon, pedindo uma indenização, e as
operadoras teriam de indenizar. A partir disso, ficou mais fácil a discussão.
Eu
vou ler a Exposição de Motivos que nós colocamos nesse Projeto que entrou no
dia 03 de agosto de 2000 (Lê.): “Com o advento das novas tecnologias do mundo
moderno e com o incremento e a abertura do mercado de telefonia móvel, a venda
de aparelhos e de linhas de telefone celular são hoje cada vez mais
expressivas, estando ao alcance de grande parte da população. O elevado nível
educacional e cultural dos gaúchos, em particular dos porto-alegrenses,
torna-os mais propensos a experimentar novidades tecnológicas. Hoje, a novidade
na área da telefonia celular é a modalidade do telefone celular pré-pago, cartão”
- quero dizer, e volto a repetir, que isso foi em 03 de agosto de 2000, quando
recém estava sendo implantado o telefone de cartão no nosso País - “que já é
preferido por cerca de 50% dos consumidores” - hoje chega a quase 80% dos
consumidores, com um detalhe - “independente da classe social, pela facilidade
em adquirir e pela praticidade na utilização do mesmo, já que não possui conta
mensal. Infelizmente, pelos motivos arrolados anteriormente, muitos telefones
de cartão estão sendo utilizados em seqüestros, assaltos e até mesmo em trotes.
A Polícia, quando acionada, depara-se com a dificuldade já existente do
rastreamento, somada à dificuldade de identificação do dono do aparelho, pois
as operadoras que oferecem esse serviço não possuem um cadastro...” Essa, na
época, foi a nossa preocupação.
Além
disso, nós tínhamos um levantamento de que grande parte dos telefones furtados
em Porto Alegre era furtada na zona central, no horário entre 11 horas e 14
horas, ou seja, no intervalo do horário do almoço, quando as pessoas ficavam
distraídas, tendo os seus telefones roubados.
Após
toda a discussão, esse Projeto foi aprovado, conforme nós dissemos, no dia 23
de janeiro de 2002. Essa Lei, na oportunidade, foi pioneira no Brasil. Nós
recebemos ligações de inúmeros Municípios querendo fazer uma lei semelhante.
Nós passamos a cópia daquela nossa Lei. Logo depois, em Brasília, ingressou-se
com um Projeto semelhante, de teor idêntico ao nosso, para nossa alegria.
O
que aconteceu ao longo desse tempo? Aqui, no próprio Estado, houve um Projeto
também semelhante, em nível estadual. Quando foi aprovado em nível federal - e
este é o motivo principal da nossa fala de hoje - previa-se que os titulares
dos telefones celulares pré-pagos teriam até o dia 18 de janeiro deste ano para
se cadastrarem, bastando para isso ligarem para a prestadora com a qual têm o
contrato do serviço fornecedor, dando nome e endereço, número da carteira de
identidade, CPF e o CNPJ, no caso de proprietário-assinante, se for da própria
empresa.
Qual
é a nossa preocupação sobre isso? Hoje, no Brasil, já são quase 60 milhões de
telefones, quase 40 milhões de telefones de cartão, mostrando essa evolução
cada vez maior, fazendo com que quase toda a população tenha um telefone
celular móvel e, ao mesmo tempo, aquelas pessoas que não fizeram o cadastro
poderão fazê-lo desta forma. Isso vai facilitar, porque esse cadastro passa a
vigorar em nível nacional, ou seja, é fácil a percepção e a localização de uma
pessoa.
É
importante lembrar que, na época, quando nós entramos com esse Projeto, o qual
depois virou Lei em Porto Alegre e que hoje é consolidado em nível nacional,
alguns episódios ocorreram; é importante lembrar aos Vereadores e àqueles que
nos assistem em suas casas que o episódio do PCC, a intercomunicação de
diversos presídios em São Paulo, ocorria via telefone celular pré-pago, ou
seja, a Polícia rastreava, identificava que era um telefone, mas não tinha como
identificar quem era o proprietário, porque não tinha o seu RG. Identificava-se
a interlocução, mas não se sabia quem a fazia. Logo após isso, ocorreu ainda o
episódio do Juiz Nicolau, o Lalau, que desviou quase 200 milhões de reais
naquelas famosas obras públicas em São Paulo, e toda a comunicação dele com os
seus familiares era feita por meio de telefone celular pré-pago, que na época
até se chamou de telefone laranja, porque não se conseguia identificar.
Lembro-me ainda do episódio do seqüestro da filha do Sílvio Santos, em que
também toda a interlocução era feita por telefone celular pré-pago.
Então, hoje, quero dizer da minha alegria em trazer esse
assunto à pauta. Até o dia 18 de janeiro todas as pessoas que possuem telefone
celular pré-pago no Brasil terão de fazer esse cadastramento. Quero também
dizer da alegria de uma Lei que surgiu nesta Casa, tendo a aprovação de todos
os Vereadores e com uma polêmica: alguns entendiam que nós não tínhamos
legitimidade para legislar sobre esse assunto. Porém, logo depois de
consolidada, mostrou-se que sim, que nós tínhamos a preocupação e a competência,
porque a nossa preocupação era com os nossos munícipes da Cidade de Porto
Alegre, que, constantemente, estavam tendo seus telefones furtados, inclusive
nós tivemos em Porto Alegre um óbito e, a partir disso, todo esse movimento.
Então, nós queremos lembrar a todos os usuários que ainda não fizeram seu
cadastramento que devem fazê-lo até o dia 18.
Nós queremos conclamar os Vereadores no sentido de que nós
temos de procurar fazer todos os esforços possíveis para ver o cumprimento da
nossa legislação, na busca do bem-estar, na qualidade e na segurança da nossa
população, mesmo para aquelas iniciativas que parecem, num primeiro momento,
longínquas, mesmo fugindo um pouco da competência dos senhores.
Assim, eu quero repartir com todos os Vereadores aquele pleito
da nossa vitória, que foi consagrado em 23 de janeiro de 2002. Agora, dois anos
depois, nós vemos aquilo que foi uma Lei embrionária em Porto Alegre ser
estendido a todo o Brasil, é um fato consumado. Muito obrigado, Sra.
Presidenta.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Margarete Moraes): Obrigada,
Ver. Carlos Alberto Garcia.
O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicações, por
cedência de tempo do Ver. Darci Campani.
O SR. ISAAC AINHORN: Sra. Presidenta, antes de mais nada, em
nome da Bancada do PDT, receba os nossos cumprimentos por sua investidura na
presidência da Câmara Municipal de Porto Alegre. Saiba V. Exa. que todos os
integrantes da nossa Bancada - Ver. Nereu D’Avila, Ver. Ervino Besson, Ver.
João Bosco Vaz, Ver. Dr. Goulart e este Vereador - desejam expressar votos de
uma profícua gestão. Vossa Excelência, neste momento, representa um dado
significativo na história do Legislativo e da Cidade, sendo a primeira mulher,
como já foi dito e redito pela crônica política da Cidade, notadamente, a
assumir essa investidura nesta Casa. Saúdo V. Exa. e quero dizer da
responsabilidade comum que têm todos os Vereadores desta Casa, num ano como
este, de grande trabalho e de grande responsabilidade.
Como
sabe V. Exa., que integrou, como Vereadora desta Casa e pela Bancada do Partido
dos Trabalhadores, uma das vagas na Comissão Especial de Avaliação do Plano
Diretor da Cidade de Porto Alegre - e já fizemos gestões de consulta a V. Exa.
e às Lideranças desta Casa -, nós estamos instrumentalizando, dentro de alguns
minutos mais, um Requerimento, por escrito, a V. Exa., para que submeta à
Comissão Representativa. A Câmara Municipal, no período de funcionamento do
recesso... Recesso que a rigor, nesta Casa, nós podemos dizer com absoluta tranqüilidade
que não existe, porque nós iniciamos praticamente agora os trabalhos no dia 5
de janeiro, com a eleição de Vossa Excelência. A Casa está em seu funcionamento
pleno, e V. Exa. já presidiu duas Reuniões: a Reunião de Instalação da Comissão
Representativa e esta 1ª Reunião da Comissão Representativa, com quórum. Quero
dizer que, dentro de alguns minutos, faremos um apelo a V. Exa., no sentido de
que, submetido aos integrantes da Comissão Representativa, autorize a inversão
da Ordem do Dia, para que possamos votar, na Ordem do Dia, a necessária
autorização desta Comissão Representativa, para que a Comissão Especial de
Avaliação do Plano Diretor possa funcionar no período de 15 de janeiro a 15 de
fevereiro, em dias a serem estabelecidos pela própria Comissão, de Audiências
Públicas, de depoimentos e também de avaliação de Projetos de Lei que envolvem
o Plano Diretor, alguns que são oriundos já do Poder Executivo e que já estão
aqui na Casa devidamente protocolados.
Portanto,
essa tarefa é fundamental. Eu quero crer que o fato de esta Casa não
interromper os seus trabalhos no período de janeiro e fevereiro, durante o
recesso, revela sensibilidade desta Casa, sobretudo num ano que nós sabemos que
é um ano atípico, um ano em que todos os Municípios brasileiros realizam as
suas eleições municipais, elegendo e renovando os Prefeitos e os Vereadores de
todos os Municípios brasileiros. Sabendo da atipicidade deste ano e da
responsabilidade que temos para com o Plano Diretor e para com a Cidade, de
prestação de conta do nosso serviço, nós entendemos requerer a esta Comissão
Representativa a solicitação para que funcione no período do recesso
parlamentar.
Eu
já estou com o Requerimento formulado e já deixo aqui na minha intervenção que,
imediatamente, V. Exa. interrompa os trabalhos do período de Comunicações para
que ingressemos na Ordem do Dia e que possamos votar e apreciar o Requerimento
de funcionamento desta Casa no período de 15 de janeiro a 15 de fevereiro, no
âmbito da Comissão Especial do Plano Diretor. Consultamos as Lideranças, os
membros das Comissões Temáticas e os integrantes das Comissões. Eu quero me
penitenciar, realmente, porque não conversei com o Ver. Raul Carrion, mas tenho
certeza de que o Vereador será sensível ao funcionamento desta Comissão nesse
período de 15 de janeiro a 15 de fevereiro, em datas a serem combinadas no
âmbito da Comissão. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver. Isaac Ainhorn. Atendendo
ao Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn e considerando a relevância da sua
proposta, nós estamos submetendo ao Plenário a inversão da ordem dos trabalhos.
Em
votação o Requerimento de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, solicitando inversão
da ordem dos trabalhos. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO por
unanimidade.
Eu
peço ao Vereador-Secretário, Ver. João Carlos Nedel, que proceda à nova
verificação de quorum, para entrarmos na Ordem do Dia.
(O
Ver. João Carlos Nedel procede à chamada nominal.)
Havendo
quórum, passamos à
Em
votação o Requerimento nº 010/04, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, Presidente
da Comissão Especial de Avaliação do Plano Diretor, solicitando seja submetida
à Comissão Representativa a necessária autorização para funcionamento da
referida Comissão nos dias a serem definidos entre 15 de janeiro e 15 de
fevereiro do corrente ano. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Está
encerrada a Ordem do Dia, retornamos às Comunicações.
O
Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra em Comunicações.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sra. Presidenta, Srs. Vereadores, as
festas do fim do ano foram abaladas com uma tragédia ocorrida no Litoral
gaúcho, onde foi decapitado um jovem cidadão, com o uso de fogos de artifício.
É mais uma grande tragédia, e, de início e para registrar toda a isenção com
que se trata esse tipo de problema, eu quero elogiar a atitude do Secretário
Municipal de Indústria e Comércio, nosso colega Vereador também, Adeli Sell,
que, pouco antes do episódio, tinha tomado preventivamente a atitude de ir em
busca de fogos clandestinos. A imprensa ainda não reproduziu, na realidade, até
pela tragédia e pela dificuldade de uma grave ocorrência como esta, a
quantidade de explosivo, e, quando se fala em explosivo, nós falamos em
dinamite, que é um dos explosivos com trinitro tolueno, que são verdadeiras
bombas, morteiros de alto poder destrutivo.
E
as estatísticas do Pronto Socorro Municipal, em dias de festas, são
extremamente preocupantes. Fazem-se campanhas contra essa abominável idéia de
festejar com barulho, que pode provocar destruição e, principalmente, lesões
graves, incapacitantes e mortes. A falta de conhecimento, a falta de
experiência e a artesania da fabricação desses materiais que usa explosivo
levaram as autoridades, inúmeras vezes, a tomarem providências em relação aos
acontecimentos gerados pela manipulação inconseqüente, sem conhecimento
técnico, dos explosivos. As estatísticas publicadas pelo Pronto Socorro são
crescentes. Notou-se que, nas campanhas anuais que o Pronto Socorro tem feito,
voltadas para os eventos em dias de festa e do uso de álcool, muitas vezes,
desprezando o perigo, a exposição torna-se mil vezes maior.
As
notícias que temos, muitas vezes, é de que as pessoas não avisadas ou mesmo as
avisadas - mesmo havendo uma campanha publicitária importante no sentido de
prevenir essas lesões, que muitas vezes incapacitam, são lesões mutilantes em
crianças que têm uma vida inteira pela frente - têm perda de substância corporal
devido a essa primitiva forma de comemoração. Na nossa sociedade, além do dano
individual, isso nos cria problemas, inclusive de orçamento, de gastos imensos,
mas seria secundário em relação à dor das pessoas, muitas vezes, com
queimaduras, com perda de órgãos, perda de substância corporal e, muitas vezes,
com morte.
O Sr. Ervino Besson: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Que o seu pronunciamento sirva de alerta para as pessoas que nos
assistem pela TVCâmara. Como médico, V. Exa. sabe perfeitamente o que acontece
com o uso de explosivos. Muitas vezes, as pessoas, em momentos de comemorações,
têm a sua cabeça separada do corpo. Vereador, as empresas que fabricam esses
explosivos têm de ser, sim, responsabilizadas.
Eu
quero saudar o pronunciamento de V. Exa. mais uma vez, que isso sirva de
exemplo para as pessoas que assistem à TVCâmara, sobre os cuidados que elas têm
de ter quando forem festejar com esse tipo de explosivo, que causa muita
tragédia em tantas famílias. Saúdo Vossa Excelência.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Muito obrigado pelo seu aparte que
enriquece o meu pronunciamento. Queria dizer que são eventos absolutamente preveníveis. É possível fazer a
prevenção. O uso de explosivos, mesmo que em pequenas proporções, dada a
disseminação da idéia, muito antiga, do ser humano - e muito primitiva - de
comemoração com fogos de artifício, feito sobre controle nessas festas, com a
fiscalização, não causa acidente. Existem técnicos trabalhando diretamente.
Mas
esse explosivo que é vendido nas sinaleiras e depositado de maneira inadequada
- hoje há uma notícia no jornal que o Secretário descobriu depósitos -, se
explodir, levanta uma tragédia coletiva de um quarteirão inteiro, como já
ocorreu no Rio de Janeiro, como já ocorreu no Nordeste. Deve haver um controle
severo com relação aos explosivos. O papel do Exército brasileiro tem sido
fundamental, porque lida com grande quantidade de explosivos em função da
necessidade, muitas vezes, de dinamitação, inclusive do solo.
Nós
temos, talvez, de mudar a metodologia. Por que eu falo em mudança da
metodologia? Porque existem alguns assuntos no Brasil que são absolutamente
tabus: o acidente de trânsito, a gravidez na adolescência, a toxicomania e,
agora, principalmente em épocas de festas, essas conseqüências nefastas,
terríveis, em que o ser humano, uma família inteira chora a perda de um ente
querido, porque eles poderiam ter prevenido e sabem que, se não houvesse aquele
evento, aquela comercialização, a pessoa não teria morrido. Nós poderíamos ter evitado
isso. E é essa a dor social que nós temos ao nos depararmos com uma notícia em
que um dia de festa se transforma em um dia de tragédia. Nós temos de fazer
exatamente o contrário: que a tragédia humana desapareça e que venha emergir a
festa, a felicidade, a alegria e o bem-estar social.
Nós
fazemos este pronunciamento com muita preocupação. Sabemos que, em Porto
Alegre, havia uma autoridade que estava ativa, fazendo a prevenção, e, agora,
inclusive neste momento, está tomando providências em relação a um fato que não
pode mais ser repetido, sob pena de nós, enquanto sociedade, nos
responsabilizarmos, e a cada fim-de-semana, a cada festa e a cada comemoração,
nós tenhamos essa dor imensa da perda, sem motivo nenhum, que não fosse o de
festejar um evento.
A
ligação de um comércio clandestino, um depósito clandestino de substâncias
altamente explosivas, inclusive pode haver explosão, muitas vezes, espontânea,
apenas pelo calor, esse dado é fundamental para que tenhamos e estejamos
propondo estudos de mudança na metodologia, não só a prevenção, não só a
fiscalização, que é pequena, mas intensa e que exige o esforço dos fiscais e de
uma política de fiscalização. Nós não podemos mais transformar um final de
semana desses, de festa e de alegria, numa tragédia de dor e tristeza para as
famílias. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver. Cláudio Sebenelo.
A
Verª Clênia Maranhão está com a palavra em Comunicações.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sra. Presidenta, Srs. Vereadores, nesta
fase de janeiro, que é uma fase em que o Parlamento usa muito o seu tempo para
planejar as atividades de enfrentamento aos problemas do Município, não apenas
do Município, mas do conjunto da nossa sociedade, eu queria dedicar esses minutos
ao levantamento de algumas questões que são reincidentes. Eu gostaria de
relembrar alguns temas de absoluta gravidade que tomam conta da nossa
sociedade, exatamente pelo grau de exclusão social, de miséria, de violência
existente. Essa realidade impõe-se àqueles que não se aprofundam na construção
de uma solução efetiva para o problema; essa realidade desigual, injusta e
absolutamente insegura, na qual nós vivemos, muitas vezes, leva à analise e a
conclusões de senso comum que constroem ações mágicas, ações, às vezes, midiáticas, outras vezes eleitoreiras,
outras vezes emocionais, como busca de enfrentamento das questões que se
arrastam ao longo dos tempos.
Esta
semana, com os índices de violência apresentados na mídia, já ouvi que um
Parlamentar gaúcho, com toda a trajetória de luta democrática e de luta pela
garantia dos direitos da infância que temos levado na nossa Cidade e no nosso
Estado, vai procurar resolver a questão da violência juvenil por meio de um
Projeto de Lei de modificação da idade de responsabilidade penal. Eu fico
impressionada com os argumentos que são usados em relação a isso. E mais
impressionada fico com o desconhecimento da legislação brasileira hoje
existente, diga-se de passagem, uma legislação construída com enorme
participação da sociedade, que é o ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente,
que nada mais é do que a consolidação, em nível de território nacional, de uma
convenção da ONU, da qual o Brasil é signatário, que é a Convenção da Criança.
O desconhecimento dessa legislação e o desconhecimento do significado da
expressão “privação de liberdade”... No Brasil, quando um menor infrator faz
uma infração, ele é privado de liberdade; significa que ele não está solto nas
ruas, como escutamos inclusive nas justificativas de Parlamentares, que
defendem hoje que um ato infrator de um adolescente de 16 anos deve levá-lo ao
Presídio Central. Eu fico me perguntando se passa pela cabeça de uma pessoa que
propõe que um infrator de 16 anos seja recuperado - porque eu acho que é essa a
função ou, pelo menos, deveria ser a função da política prisional de um País -,
se ele efetivamente acredita que o encaminhamento de um infrator de 16 anos ao
Presídio Central se constitui no melhor caminho para a recuperação desse
infrator e para a segurança da sociedade.
Seguramente,
neste ano, discutiremos muito sobre isso, vai ser uma longa e difícil
discussão. Com certeza, uma sociedade violenta como a nossa procura os caminhos
mágicos da solução, porém a realidade nos impõe ações concretas. O que efetivamente
tem feito a redução da violência é a política de atendimento à criança como
cidadã desde o minuto do seu nascimento. Qualquer profissional da área de
Psicologia, Pedagogia, das Ciências Jurídicas sabe do significado da atenção,
do atendimento, do acolhimento da criança na primeira infância. Agora, qual é o
destino daqueles que são desassistidos? É o caminho do abandono, é o caminho da
violência, eles são presas fáceis para o tráfico e para as ações de risco que
são empregadas hoje pelas gangues, pelo crime paralelo, um crime que cresce e
que o Estado brasileiro não tem sido capaz de enfrentar.
Mas
eu ainda quero, nos últimos minutos que me restam, falar de uma notícia que
ocupou toda a imprensa brasileira desde ontem, que é o relatório da OIT, a
Organização Internacional do Trabalho, que analisa a ocupação da mão-de-obra e
a questão da exclusão econômica e social brasileira. Eu acho que nós, os
políticos, as políticas, as mulheres públicas e os homens públicos deste País,
não vamos poder planejar as nossas intervenções, ações, os nossos compromissos
para o ano de 2004, sem uma referência nesta realidade econômica brasileira,
nesta realidade social brasileira, de 55 milhões de brasileiras e de
brasileiros em situação de exclusão. Alguém pode imaginar que esse número é tão
grande que talvez a gente deva esquecê-lo e fazer as ações cotidianas,
pontuais, das nossas áreas temáticas específicas ou do nosso bairro, o qual
representamos como Parlamentares.
Eu
acho, porém, que, até deste ponto de vista da ação política, o grau de
informação da sociedade, de integração neste mundo da globalização permite que
todos os cidadãos e cidadãs se apossem dessas informações e cobrem - felizmente
- ações efetivas de mudança dos seus representantes. E não são apenas os Governos
em âmbito federal, os Ministérios que têm a responsabilidade de enfrentar essa
questão. As experiências européias, por exemplo, da Finlândia, da França, da
Itália, mostram-nos um papel decisivo dos Parlamentos locais, dos Executivos
locais e dos Municípios na questão do enfrentamento à miséria, à exclusão e na
construção de alternativas econômicas eficazes para tirar a maioria da
população da situação de subabitação, de desemprego, de exclusão dos serviços
de saúde e habitação. Então, eu só queria encerrar dizendo que essa pesquisa
mostra uma questão que nós temos discutido muito nesta Casa, que é exatamente
aquela que mostra que as mulheres são as mais pobres entre os pobres deste
País, e os negros são os mais excluídos entre os excluídos brasileiros. Portanto,
as legislações afirmativas que temos construído estão na direção correta e
apontam para a luta contra a exclusão e a desigualdade. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Verª Clênia Maranhão.
O
Ver. Darci Campani está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do
Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. DARCI CAMPANI: Sra. Presidenta, Verª Margarete Moraes,
com muita honra, pela primeira vez, venho a esta tribuna lhe cumprimentar como
Presidenta desta Casa; demais Vereadores presentes aqui nesta Sessão da nossa
Comissão Representativa. O Ver. Cláudio Sebenelo trouxe um assunto bastante
importante, inclusive acho que trouxe também a avaliação que nós temos da
importância da atuação do nosso companheiro Adeli Sell frente à Secretaria da
Indústria e Comércio do nosso Município e da ação importante de apreensão e
constrangimento ao comércio ilegal, abusivo, de explosivos, dos chamados fogos
de artifício, que, na prática, são explosivos.
Eu
lembro que, na primeira vez que passei por esta Casa, tentei elaborar um
projeto de lei para que o Município tivesse maiores poderes na questão de
repressão à utilização de fogos nas grandes festas. Infelizmente, o que a gente
vê - no Brasil inteiro, creio eu, também é uma característica de Porto Alegre -
são pessoas, cada vez mais, utilizando-se desses fogos. Antigamente, era no
final de ano; hoje, eu não sei exatamente por que é que também se usam muitos
fogos no Natal. Não sei exatamente se é comemoração, se alguém tem exatamente a
precisão do horário do nascimento de Cristo para poder, naquele momento, jogar
fogos, não sei qual é o objetivo de, durante o dia de Natal, ficarem jogando
fogos. Bom, nas festividades da passagem do 1º dia do ano, nós sabemos que
existe um momento em que queremos comemorar aquele instante, aquele segundo,
mas acho que, realmente, é uma atividade que só causa transtorno às outras
pessoas, só causa barulho. Às vezes, passamos o dia inteiro ouvindo isso, há
vizinhos que, parece, gostam muito. No ano retrasado, o meu carro ficou
completamente chamuscado por fogos, pelos resíduos, fuligem, inclusive partes
dos fogos caíram sobre o carro, que ficou manchado pelo calor que foi agregado
ali, que vem junto. Então, acho que, realmente, é uma situação bastante
constrangedora algumas pessoas não entenderem o seu limite em relação a uma
coletividade: “Eu quero fazer barulho, eu acho que eu posso e está acabado. Se
eu quiser, eu faço barulho e faço explodir isso aí, machuco alguém.” Se eu me
machuco, pelo menos é uma responsabilidade minha. O problema é usar e agredir
outras pessoas, tanto sonoramente como até fisicamente, mutilando pessoas,
mutilando seres humanos, que estão aí para uma vida mais nobre e não para
aturar o autoritarismo, a incoerência de algumas pessoas que acham que podem
mais com relação à vida das demais pessoas. Com relação a isso aí, eu acho que
cabe essa lembrança.
Mas
importante é a atuação da nossa Secretaria de Indústria e Comércio, que tem
exercido uma atuação bastante pesada em relação ao controle... Eu acho que
deveria ser uma atividade exclusiva de técnicos habilitados, ou seja, não
poderia jamais se vender, no comércio aberto, qualquer tipo de explosivo, mesmo
aquela bombinha pequena que conhecemos quando crianças - que têm esse hábito...
A gente se criou com a idéia de que explodir alguma coisa parece ser algo
tremendamente emocionante. Enquanto criança, a gente tem essa sensação, mas a
gente não sabe exatamente o tamanho do perigo... E quantas crianças, às vezes,
têm dedos ou parte dos dedos perdidos por uma brincadeira que não tem por quê.
É um habito cultural que se cria, e a gente poderia mudar essa cultura, mudar
essa maneira de pensar e alterar completamente a tragédia que acontece em
muitas famílias com uma mudança importante de hábito cultural, alimentado por
um setor pequeno até; em termos de indústria é um setor pequeno, o comércio
também é um setor pequeno. Não há por que não se dedicar essa tarefa
exclusivamente a técnicos habilitados, a empresas que fazem essas apresentações,
que fazem promoção de eventos com queimas de fogos. Essas empresas têm
habilitação para fazer isso; agora, na rua e no varejo, para a população em
geral, que não há habilitação para usar fogos de artifícios. Eu acho que
deveria ser proibida a comercialização, deveria ser tratada dentro da nova Lei
do Desarmamento, pela qual é proibida a posse de armas sem que se tenha a
devida documentação. O Projeto, recentemente aprovado pela Câmara Federal, pelo
nosso Congresso Nacional, sancionado pelo nosso Presidente Lula, vai todo nesse
sentido. Eu acho que deveriam ser incluídos aí também todos os fogos de
artifício, que talvez mutilem mais do que os armamentos; e agora há apreensões
resultantes da nova legislação do desarmamento.
Eu
não poderia deixar de falar nisso sem citar que não adianta aqui em Porto
Alegre a gente fazer toda essa operação, se, no resto do Estado, a gente não
tem a mesma correspondência de outras Prefeituras. Eu lembro aqui o depoimento
que já fiz no ano passado em relação ao Litoral. Aqueles comerciantes de origem
asiática que aqui estão nas praças vendendo ilegalmente, inclusive a SMIC tem
repreendido, junto com a Brigada e com a Polícia Federal, tem feito a apreensão
dos materiais, esses comerciantes têm lojas nas cidades do nosso Litoral, têm
comércio estabelecido. Vai lá, está lá a loja, o comércio estabelecido. Não sei
como é que eles conseguem alvará, porque a maioria nem está legalmente no
Brasil, mas conseguem. No intuito, na fúria de arrecadação, na fúria de ter
mais um comércio funcionando, as Prefeituras acabam concedendo esses alvarás.
Faço esta intervenção vinculada à fala do Ver. Cláudio Sebenelo.
O
que me traz a esta tribuna hoje, nos minutos que me sobram, é uma proposta que
está sendo apresentada ao Governo do Estado, de que o ano de 2004 seja
decretado como o Ano Estadual das Águas. Por que um Ano Estadual das Águas? Há
quase dez anos, no dia 30 de dezembro de 1994, foi aprovada a nossa Lei
Estadual das Águas pela Assembléia Legislativa. Então, são dez anos de uma legislação,
a legislação mais moderna existente no Brasil; o próprio País não tinha uma
legislação sobre gestão de recursos hídricos, e o Rio Grande do Sul saltou na
frente com uma legislação, que, hoje, inclusive, é melhor do que a própria
legislação federal, que é de quatro anos após. Este ano estamos completando dez
anos da Lei Estadual das Águas, com a criação de mais de 20 Comitês de
Gerenciamento das Bacias Hidrográficas.
A
nossa Câmara Municipal tem representação no Comitê do Lago e no Comitê do
Gravataí pela importância que tem a implantação desta Lei. Vamos tentar fazer
tramitar nesta Casa um Projeto de Lei, um Projeto de Resolução, para que o
Município de Porto Alegre se agregue, também, a essa proposta de que, nesses
dez anos de Lei Estadual das Águas, o Município de Porto Alegre entre como um
dos Municípios de ponta na discussão sobre a gestão dos recursos hídricos,
tendo em vista a importância da Cidade de Porto Alegre nessa questão.
Importância não só por ser o Município que mais habitantes tem e, portanto, que
mais pode causar melhorias ou prejudicialidades na gestão das águas pelo
lançamento dos esgotos, como também pela importância da sua localização. Nós
sabemos que aqui, na Ponta da Cadeia, chegam as águas de 48% do Estado; 48% do
volume de água do Estado passa aqui nessa nossa chamada Ponta da Cadeia,
traz-se o esgoto de todo o Estado, trazem-se os pesticidas agrícolas aplicados
em todo o Estado, traz-se o produto da erosão dos solos agrícolas de 48% do
nosso Estado. Então, Porto Alegre tem uma política de tratamento de esgoto, tem
tido uma política de enfrentamento, de participação em todos os comitês a que
tem sido chamada a participar; inclusive, naqueles que não tem conseguido
participar, a Prefeitura disputa vagas para aumentar a sua representatividade
nos Comitês de Bacia. Então, Porto Alegre tem toda uma política implantada
nesses quase dezesseis anos de Administração Popular, e, neste ano que vamos
tentar criar o Ano Estadual das Águas, com os dez anos de Legislação Estadual
de Recursos Hídricos, Porto Alegre tem de ter um papel destacado nessa
comemoração, porque tem trazido para o Estado do Rio Grande do Sul alterações
importantes na qualidade das nossas águas e na capacidade de gestão dessa
qualidade. Os planos de bacias estão quase sendo concluídos, as obras de
licitação do Governo passado estão quase sendo concluídas e vão trazer
alterações e melhoria da qualidade da água. Fica aqui o registro e o desafio
para que Porto Alegre também entre nessa comemoração dos dez anos de Lei Estadual
dos Recursos Hídricos e que a gente também decrete em Porto Alegre o Ano
Municipal das Águas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver. Darci Campani.
O
Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações.
O SR. ERVINO BESSON: Sra. Presidenta, Verª Margarete Moraes;
Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, senhores que nos acompanham pela TVCâmara e
também nas galerias, queria saudar a todos. Mas, também, queria aqui desta
tribuna falar a respeito do pronunciamento do Ver. Cláudio Sebenelo e do Ver.
Darci Campani, para que esses pronunciamentos sirvam de alerta para as pessoas
que nos assistem pela TVCâmara.
Depois
do pronunciamento do Ver. Cláudio Sebenelo, conversando com algumas pessoas,
inclusive com alguns Vereadores e com a própria Presidenta da Casa, a Verª
Margarete Moraes, deu para sentir as verdadeiras tragédias que acontecem em
dias de festas que, para muitas famílias, se tornam dias de tragédia, por causa
dos fogos de artifício. Então, mais uma vez, que isso sirva de alerta, pois em
que condições vive essa família hoje? Essa lembrança, sem dúvida nenhuma,
ficará de uma forma dolorida, marcada na mente dessa família e dos amigos que,
naquele momento, também estavam lá e em nós mesmos, que acompanhamos pela
imprensa essa terrível tragédia. Quantas pessoas perdem uma parte do corpo,
principalmente os dedos, as mãos, a visão, como eu já disse, num dia que
deveria ser de festa? Para muitas famílias, esse dia fica marcado por uma
verdadeira tragédia. Portanto, reforço aqui o pronunciamento do Ver. Dr.
Cláudio Sebenelo - que é médico e tem sentimentos, porque sempre atendeu muito
desses casos extremamente dolorosos -, assim como o pronunciamento do Ver.
Darci Campani.
Eu
quero aproveitar, também, o dia de hoje para convidar, minha cara Presidenta,
as Vereadoras, os Vereadores, a comunidade de Porto Alegre e a nossa Grande
Porto Alegre para estarem presentes, no próximo sábado, às 11 horas da manhã,
na Praça Belém Velho, Praça onde existe - acho que a maioria dos colegas desta
Casa conhece - uma das figueiras mais lindas do nosso Rio Grande. No próximo
sábado, às 11 horas da manhã, será aberta a 14ª Festa da Uva, da Ameixa e do
Figo e também de algumas qualidades de pêssegos produzidos na nossa grande Porto
Alegre, no nosso cinturão verde da nossa querida Porto Alegre.
No
dia 13 de dezembro, nós fomos um dos jurados na escolha da Rainha e das
Princesas da 14ª Festa da Uva - como eu já disse -, da Ameixa e do Pêssego. Lá
se fizeram presentes oito meninas, uma mais linda do que a outra. Está aqui.
(Mostra foto.) Todas jovens e com uma ligação muito forte com a agricultura.
Essa Festa foi coordenada pelo Flávio Stefani junto com a comunidade, junto com
a Ascobev, Associação Comunitária de Belém Velho. Também se fizeram presentes
lá, no dia, o Secretário Adeli Sell, da SMIC; Luiz Paulo Vieira, da Emater;
Michele Gutierres, do CTG da Estância da Figueira; este Vereador; Gerson Nardi,
da SMIC; Paulo Failace, Conselheiro do Copa; e Heloisa Viñolo, Presidenta da Ascobev.
Eu
citei o nome dessas pessoas, meu caro Ver. João Antônio Dib, porque chamou a
atenção de todos nós, no momento em que nós estávamos entrevistando essas
meninas, a postura de todas elas, a competência, o conhecimento - que nos
impressionou - na área da agricultura, porque são pessoas que têm familiares
que trabalham ainda nessa área produtiva, que produzem ameixa, pêssego, figo,
melão.
As
pessoas que quiserem visitar a 14.ª Festa de Belém Velho terão oportunidade de
encontrar tudo isso, todos esses produtos. O que nos chamou a atenção naquele
dia, unanimemente, e parecia até uma coisa combinada, era a preocupação dessas
jovens meninas com idade de 16 a 20 anos: o desmatamento da mata nativa, a
criminalidade contra o meio ambiente, que acontecem naquela região. Todas elas!
Foram unânimes! E o que ficou após a entrevista das meninas foi um comentário
entre nós de que todas elas estavam preocupadas, meu caro Ver. Zé Valdir, com o
desmatamento, preocupadas com a situação das riquezas que ainda temos naquela
região da Cidade de Porto Alegre. O próprio Secretário Adeli Sell disse:
“Parece até que foi combinado”.
Que sirva de alerta! Que sirva de alerta para todos nós,
principalmente para esta Casa. Se nós temos aqui 33 Vereadores e Vereadoras, é
porque, como eu já disse, nós fomos eleitos por este povo, por esta Cidade de
Porto Alegre. E nós temos a responsabilidade de estar junto com essas
comunidades para preservar aquilo que é a coisa mais sagrada que a natureza
colocou em nossas mãos: o nosso meio ambiente, a nossa mata nativa, as nossas
vertentes. Lamentavelmente, tristemente, hoje, algumas pessoas não têm essa
consciência. Mas que o alerta que aquelas meninas deram no dia 13 de dezembro
sirva de alerta para nós mesmos, que sirva de alerta para aquela comunidade. Eu
não tenho dúvida de que, no próximo sábado, no dia da abertura da 14ª Festa,
algumas pessoas vão tocar nesse assunto. Se eu tiver a oportunidade de falar,
sem dúvida nenhuma, falarei sobre a preocupação que as meninas, por
unanimidade, colocaram a respeito da preservação do meio ambiente naquela
região, que, graças a Deus, ainda é muito rica. Mas, se nós não tomarmos o
cuidado devido, aos poucos, ela irá desaparecer. Muito obrigado, Sra.
Presidente.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver. Ervino Besson.
O
Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sra. Presidente, Verª Margarete Moraes;
Sra. Verª Clênia Maranhão, Srs. Vereadores, meus senhores e minhas senhoras, é
muito mais fácil ser bem-humorado no Plenário, porque o Presidente, minha cara
Presidenta, só tem que ouvir e não pode participar, não pode debater, não pode
trocar idéias, mas no Plenário a gente pode apartear, pode ocupar a tribuna,
pode fazer sentir a sua presença sorridente, alegre. Espero que V. Exa.
continue alegre, como sempre o foi, e que tenha as razões para continuar sendo
assim.
Na
verdade, hoje preciso falar sobre a bimestralidade. Bimestralidade que eu já
enfoquei nesta tribuna, como Presidente, mas eu não podia todas os dias vir à
tribuna e falar sobre a mesma. No próximo pagamento do mês de janeiro, deve ser
paga aos servidores municipais a bimestralidade em torno de 1,12%, 1,13% dos
seus salários. Eu vou querer apreciar de perto agora, com tranqüilidade, a
colocação do Executivo Municipal, reafirmando que o Executivo tem os recursos
necessários para pagar esse percentual de 1,12% ou 1,13%.
No
ano passado, quando o Executivo não pagou os 2,46%, mas pagou apenas 0,54%, eu
vim a esta tribuna e provei, com os números fornecidos pela Prefeitura ao
Tribunal de Contas, que houve má informação aos servidores municipais que me
procuraram, os representantes do Fórum de Entidades. Então, o Prefeito e seu
Secretário declararam que a arrecadação dos últimos 12 meses havia sido de 1
bilhão, 460 milhões, mas, na realidade, fora 1 bilhão, 512 milhões - o que
viabilizava o pagamento dos 2,46% que a Câmara pagou. E, se a Câmara pagou a
bimestralidade corretamente durante o ano, eu não posso deixar também de
agradecer ao Prefeito, pois, ao final do ano, ele poderia ter dificultado a
transferência de recursos para que nós pudéssemos cumprir com os nossos
compromissos com os servidores. Ele poderia ter feito isso, mas, ao contrário,
ele me acompanhou ao Tribunal de Contas para que nós analisássemos a
viabilidade de suplementação, e nós conseguimos isso. Mas, de qualquer forma,
continuo entendendo que não havia necessidade de o Município fazer o corte que
fez para os servidores.
Quando
os servidores me procuraram, eu, imediatamente, tratei de formar um processo,
que, nos primeiros dias de junho, estava pronto, encaminhei-o à Comissão de
Constituição e Justiça, que, no dia 18 de agosto, me disse que, realmente, a
Lei havia sido descumprida e que eu tinha razão. Eu, então, vim à tribuna e
apelei para as Lideranças para que nós tomássemos uma medida em nome da Casa do
Povo; eis que a Casa do Povo, antes de fazer leis, deve fazer a fiscalização do
cumprimento das leis.
Não
aconteceu isso, porque, no dia seguinte, algumas Lideranças queriam que eu
encaminhasse o estudo que eu tinha nas mãos - era meu, fui eu que propus - ao
Tribunal de Contas. Ora, a experiência me dizia que não cabia ao Tribunal de
Contas julgar o descumprimento de uma Lei, e terminamos não sendo apoiados e
não fazendo aquilo que a Casa deveria ter feito, tomado providências para que a
bimestralidade fosse paga.
Naquela
oportunidade, eu dizia que o Município tinha recursos e, agora mesmo, no dia 30
de novembro, e eu não sei no dia 31 de dezembro, a Prefeitura tinha, no sistema
bancário, 96 milhões de reais. Diferente, é claro, do dia 31 de dezembro de
2002, quando ela tinha 143 milhões de reais. Mas é de se considerar que, no mês
de dezembro, a Receita haveria de crescer de forma bastante expressiva.
Quando
o Prefeito anunciou um déficit provável de 75 milhões de reais, em março ou
abril, eu vim à tribuna e disse que isso não aconteceria, que a Prefeitura
teria novamente superávit. E eu mostrava dados contrariando aquilo que o
Secretário da Fazenda afirmava, que o Fundo de Participação dos Municípios
estava decrescendo em 30%; eu afirmava que superaria a previsão orçamentária.
Então, eu olho que, no mês de novembro, a Prefeitura havia arrecadado, do Fundo
de Participação dos Municípios, 48 milhões e meio de reais; e a sua pretensão
de arrecadar, em todo o ano, era de 40 milhões de reais, portanto vai exceder
em 12 milhões de reais aquela previsão.
O
Fundef, que não é muito bem fiscalizado, porque a Câmara deveria participar da
fiscalização e não participa, previa um orçamento de 47 milhões e 400 mil reais
e, em novembro, já havia arrecadado 49 milhões e 200 mil reais, o que vale
dizer que vai chegar a 54 milhões de reais, diferente de 47 milhões de reais.
Com
relação ao ICMS, a Prefeitura tinha uma previsão de 249 milhões e meio de reais
e, até novembro, arrecadou 236 milhões e meio de reais, vai superar os 249
milhões e meio de reais. Mas ontem eu ouvia o Dr. Raul Pont afirmar - e eu
creio que ele fala a verdade - que o Estado havia arrecadado mais de oito
bilhões de reais em ICMS nos primeiros 11 meses. Ora, se ele arrecadou oito
bilhões de reais em 11 meses, dois bilhões, desses oito milhões de reais, serão
entregues aos Municípios; e a Prefeitura de Porto Alegre receberia, em 11
meses, 260 milhões de reais mais ou menos. E eu sei que, nesse mês de dezembro,
a arrecadação de ICMS superou todas as expectativas. Então, nós vamos chegar
muito longe dos 249 milhões previstos.
O
IPVA vai dar mais ou menos o que estava previsto. E o Imposto de Renda na Fonte,
a previsão da Prefeitura era de 63 milhões de reais, em novembro tinha
arrecadado 74 milhões e meio, mas, como dezembro arrecada duas vezes, vai dar
87 milhões.
Com
relação ao ISSQN, não sei se é falha de previsão, falha de fiscalização, mas
realmente não está ocorrendo aquilo que a Prefeitura esperava, apesar de que,
mês a mês, arrecadou mais do que no mesmo mês do ano anterior, arrecadou já 180
milhões, talvez não chegue aos 217 milhões previstos, mas pode ser falha da
fiscalização, pode ser excesso de otimismo, eis que de um ano para outro
acresceu 40% na previsão orçamentária.
O
ITBI que estava previsto em 58 milhões, vai chegar perto disso. E agora o
grande problema que a Prefeitura apresenta é o SUS. Eu disse e repito que a
Cidade de Porto Alegre não recebeu menos dinheiro do SUS, não, recebeu mais do
que no ano anterior. Eu acompanhei até junho, 204 milhões haviam chegado a
Porto Alegre do SUS, no anterior, 384 milhões em todo ano, portanto chegou
mais.
Agora,
o que não me foi explicado: como é que uma ordem bancária de 28 milhões de
reais, em nome da Prefeitura, não está na execução orçamentária? Mas isso é
assunto para uma próxima oportunidade, talvez os doutos da Prefeitura consigam
explicar como não chegou. Mas, de qualquer forma, se o dinheiro não chegou à
Prefeitura, também se deve acrescentar que as despesas da Prefeitura com SUS,
evidentemente, diminuíram, porque parte desse dinheiro, segundo dizem na
Prefeitura, foi diretamente para o Grupo Hospitalar Conceição e para o Hospital
de Clínicas. Saúde e paz!
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradecemos o pronunciamento do Ver. João
Antonio Dib. O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em Comunicações.
(Pausa.) Ausente. O Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicações.
O SR. LUIZ BRAZ: Verª Margarete Moraes, eu tenho a honra
de saudar V. Exa. como Presidenta desta Casa. Quero reafirmar aqui que não é a
primeira vez - muito embora neste Plenário o seja - que eu a chamo de
Presidenta da Casa, porque V. Exa., com toda humildade possível, mas
deixando-me extremamente feliz, compareceu a um evento deste Vereador. Vossa
Excelência ajudou a que nós pudéssemos, de alguma forma, efetuar esse evento no
final do ano, quando distribuímos seis mil quilos de alimentos. E lá, no
Auditório Araújo Vianna, eu tive oportunidade de anunciar V. Exa. como a futura
Presidenta deste Legislativo Municipal. Então, quando os meios de comunicação
diziam que o voto deste Vereador havia sido um voto surpresa no dia das
eleições, se alguém tivesse acompanhado a nossa trajetória, se alguém tivesse
acompanhado o trabalho que nós efetuamos, com certeza absoluta saberia que o
voto já naquele dia estava definido, muito embora a nossa admiração pelo
trabalho da Verª Clênia Maranhão. Nós tivemos a oportunidade de dizer a Verª
Clênia o porquê de, no dia da eleição, não termos destinado o nosso voto para
que ela pudesse ocupar a presidência.
Dito
isso, eu quero falar que Porto Alegre há muito tempo, e não apenas agora,
carece de eventos que possam movimentar a sua economia nos meses de janeiro e
fevereiro. Em alguns anos, eu acho que a Prefeitura andou bem quando incentivou
a criação do Fórum Social Mundial. Pelo menos, no mês de janeiro, o Fórum
Social, no ano passado, conseguiu atrair para Porto Alegre uma grande
quantidade de pessoas, e isso movimentou todo o comércio. Eu, que tenho tido
contato com donos de bares e restaurantes, vejo que eles, realmente, este ano,
estão sentido muito a diferença do janeiro passado para este janeiro. Acredito
que mesmo com algumas atividades, como é o caso desse festival de teatro que
está sendo levado a efeito, ainda Porto Alegre merece uma atenção maior. Eu
vejo falar da volta do Fórum Social Mundial e, se voltar, acho que teria de ser
corrigido. Verª Margarete Moraes, V. Exa. que pertence ao Partido dos
Trabalhadores, uma das grandes falhas do Fórum é exatamente tentar alijar uma
parcela do pensamento de Porto Alegre das discussões que são efetuadas no Fórum
Social. Eu acho que o Fórum Social Mundial é uma coisa que nós devemos
incentivar, é alguma coisa que realmente deve continuar acontecendo e,
principalmente, tendo por sede Porto Alegre. Mas acredito que as discussões
devem ser mais globalizadas, devem trazer outras correntes de pensamentos, até
para que nós possamos, quem sabe, ter um socialismo, na realidade, bastante
moderno para fazer com que a nossa sociedade possa ser uma sociedade melhor.
Então,
uma das coisas que eu acredito é que, neste ano de 2004, independente de
eleições, nós devemos realmente nos debruçar para fazer com que, em Porto
Alegre, nos meses de janeiro e fevereiro, possa haver atividades no sentido de
movimentar a nossa economia, porque já é uma cultura do porto-alegrense sair,
deixar Porto Alegre e ir para as cidades litorâneas. E Porto Alegre realmente
carece muito de um maior dinamismo na sua economia nestes meses do ano.
Ouvindo
aqui o Ver. Isaac Ainhorn, que é Presidente da Comissão do Plano Diretor, eu
quero trazer um assunto que nós tratamos aqui numa das reuniões da Comissão do
Plano Diretor, o qual eu acho que deve merecer realmente a atenção não apenas
dos Vereadores que pertencem à Comissão do Plano Diretor, mas de todos os
Vereadores desta Casa. O Ver. João Carlos Nedel pôde me apresentar, porque está
com ele o Processo, ele é o 1º Secretário da Casa, um Projeto que vem do
Executivo Municipal e que traz agora para a nossa análise o Plano Viário.
Eu
acredito que, quando estamos analisando o Plano Viário, quando estamos
discutindo o Plano Diretor... E lembro que, quando estávamos votando aqui o
Plano Diretor, há três anos, uma das exigências feitas dentro do Plano Diretor
era exatamente no sentido de que o Plano Viário viesse num prazo de um ano.
Demorou muito para vir para esta Casa, para ser analisado. Mas, chegando aqui o
Plano Viário, o caso da Radial Anita seria o primeiro a ser analisado por nós.
Chegou agora, não chegou com o traçado da Anita em primeiro lugar, como era a
exigência do Plano Diretor, mas acredito que, de qualquer forma, é válido,
porque, afinal de contas, vamos começar a conhecer um pouquinho mais, estudar
um pouquinho mais e até interferir no Plano Viário, quem sabe, de alguma forma,
conversando com técnicos, colocando os nossos técnicos em contato com os
técnicos da Prefeitura.
Eu
transito muito pelo bairro Partenon e sinto que, com os corredores, o tráfego
em nossa Cidade, com certeza, melhorou bastante. A técnica trazida com os
corredores significou um avanço na trafegabilidade, mas no bairro Partenon,
principalmente na altura do Partenon Tênis Clube, quem vai pela Av. Bento
Gonçalves - e não é só na Bento que há essas características -, as pessoas têm
uma dificuldade muito grande para atravessar de um lado para o outro em função
dos corredores. Acredito que esse perigo que as pessoas correm em alguns trechos
da Av. Bento Gonçalves poderia ser corrigido por meio de acessos que poderiam
facilitar o trânsito das pessoas na Av. Bento Gonçalves. As passarelas poderiam
ser uma solução para aquela região da nossa Cidade. Os recursos para que essas
passarelas possam ser construídas... Eu acredito que teríamos uma sugestão a
dar para as pessoas que estão envolvidas nessa discussão do Plano Diretor.
Eu
acredito que aqueles ônibus que ingressam em nossa Cidade e que vêm das regiões
vizinhas da nossa Cidade, que utilizam os nossos corredores, desgastam os
nossos corredores, eles causam problemas nos nossos corredores e não pagam
absolutamente nada para trafegar pelos corredores. Como os corredores
significaram investimentos de Porto Alegre, como o povo de Porto Alegre é que
pagou pelos investimentos, para que os corredores pudessem existir, facilitando
o tráfego vindo dessas regiões da Grande Porto Alegre, eu acredito que essas
empresas que cobram tarifas altas das pessoas que ocupam os seus carros
poderiam pagar uma taxa para que Porto Alegre pudesse ser ajudada na manutenção
desses corredores. Eu acredito que esse dinheiro que entraria por intermédio
dessas taxas, poderia, quem sabe, financiar a construção dessas passarelas,
ali, principalmente - estou focalizando uma das regiões da Cidade -, no
Partenon, na Av. Bento Gonçalves, para que as pessoas pudessem ter a sua
travessia facilitada de um lado para o outro. Acredito que isso traria àquela
região da Cidade uma melhora com relação à possibilidade de as pessoas irem e virem.
Muito obrigado, minha Presidenta, Verª Margarete Moraes.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver. Luiz Braz.
O
Ver. Raul Carrion está com a palavra em Comunicações.
O SR. RAUL CARRION: Exma. Verª Margarete Moraes, Presidenta
desta Casa; demais Vereadoras, Vereadores, todos que nos assistem no dia de
hoje por intermédio da TVCâmara, nós queríamos, em primeiro lugar, tratar de um
tema relacionado à área de Habitação de Porto Alegre, que esta Casa já tem conhecimento,
pela gravidade em que a situação chegou. Refiro-me às 216 famílias que estão
naquela ocupação do PAR, da Rua Atílio Supertti, as quais vieram a esta Casa,
Ver. Luiz Braz. E o dia de hoje é o dia determinado pela Justiça Federal para
que a Caixa Econômica Federal indique quantas famílias estão aptas a contratar
para o PAR e que poderão ficar lá. Acabo de me comunicar com o Dr. Danilo. Ele
me disse que o levantamento chegou a 62 famílias aceitas das 216, que inclusive
não terão de desocupar e ficarão lá. Se houvesse 103 famílias, poderiam ficar;
o problema é que a renda das famílias não permite que elas contratem. A partir
de agora, corre o prazo, até o dia 20 de janeiro, Ver. Zé Valdir, da CUTHAB,
para que essas famílias, espontaneamente, desocupem, sob pena de despejo
compulsório pelo uso da força. Temos, portanto, de hoje ao dia 20 de janeiro,
são 12 dias para resolver esse problema.
Quero
dizer que, na audiência em que isso ficou definido, o Deputado Estilac Xavier
comunicou que já havia entrado em contato com o Governador do Estado para uma
audiência, e o Governador só deveria marcar o dia, ainda no mês de dezembro;
isso ocorreu no dia 17 de dezembro. Por que essa audiência? Porque nós, durante
um trabalho árduo, construímos esta alternativa: o Estado forneceria a área de
terra, o Município colocaria a infra-estrutura básica emergencial e logo
complementaria no processo do Orçamento, e a Caixa Econômica financiaria, por
meio do PSH - Programa de Subsídio à Habitação -, que é o programa para essas famílias,
seis mil reais por família.
A
Caixa reafirmou essa decisão, ou seja, 154 famílias. Multiplicado por seis mil
significa 900 mil, conquistados pelo trabalho e pelo esforço desta Casa, por
meio da sua Comissão. Isso significa uma infra-estrutura de, no mínimo, 500 mil
reais. Quanto seria o valor da gleba da terra? São três hectares; calculam-se
50 ou 60 famílias por hectare; seria um investimento do Estado, segundo glebas
ofertadas pelo DEMHAB, de conhecimento, de 150 mil reais, a 200 mil reais -
vamos inflacionar - do Estado.
Por que a questão não está
se solucionando? Porque o Estado ofertou uma área que não seria comprada, uma
área dele, na área da FEBEM, de um todo de 56 hectares, ele ofertou seis. A
Prefeitura examinou a área e entendeu que esta não tem condições adequadas para
a construção habitacional. Então, nós trabalhamos com duas hipóteses:
apresentar toda a área de 55 hectares para exame da Prefeitura, o que daria
mais possibilidade de encontrar dois hectares adequados, ou a compra de uma área,
e não seria nenhum absurdo 200 mil reais. Como, no que se refere ao Secretário,
tem havido muita dificuldade na negociação, a Assembléia Legislativa, por
intermédio do Deputado Vieira da Cunha, que era o Presidente da Comissão
Especial de Habitação, e do Deputado Estilac Xavier, que é o Presidente da
Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, está pleiteando essa reunião com o
Governador, e não temos tido êxito.
Há
poucos minutos, Ver. Zé Valdir, liguei para a Casa Civil, tentando falar com o
Dr. Melinho, que está de férias, e falei com o Dr. Oscar. Ponderei todas essas
questões. Se nós não conseguirmos, pela emergência do problema, uma audiência
com o Sr. Governador, que consigamos com o Chefe da Casa Civil, junto com o
Secretário da Habitação. Não queremos excluir o Secretário da Habitação, mas
temos de reconhecer que estão muito grandes as dificuldades de negociar com o
Secretário. Nas reuniões que fizemos aqui - e eu quero relembrar quando o Ver.
Dib era o Presidente -, o Secretário alegava que a correspondência tinha
chegado em cima da hora, que o telefonema que havíamos dado antes a ele, para
que se agendasse, não era legal, porque teria de ter passado antes pelo
Governador. Enviamos um convite com duas semanas de antecedência, e, na última
reunião, Ver. Zé Valdir, o Secretário veio? Não veio. Por isso estamos pedindo
a interferência do Sr. Governador. E não estamos fazendo uso político - Ver.
Luiz Braz, que nos conhece -, porque a nossa preocupação não é desgastar o
Governo. Agora, uma coisa é clara: a Prefeitura está assumindo o seu
compromisso, o Governo Federal está assumindo, com recursos superiores, e, com
o Governo do Estado, há uma dificuldade. Então, queremos essa reunião. Estamos
pedindo inclusive que os Vereadores Luiz Braz, Cláudio Sebenelo, que são da
base do Governo, a Verª Clênia Maranhão, o Ver. João Dib, são os que eu vejo
aqui - infelizmente o Ver. Sebastião Melo não se faz presente hoje -, que
intercedam nesse sentido. Nós estamos sendo ponderados, estamos procurando
salvar a situação, resolver o problema. Queremos reconhecer que a Justiça tem
sido sensível, Ver. Zé Valdir - que lá esteve em uma das audiências, se não me
engano, nas duas -, a Justiça tem procurado criar esses prazos, procurou dar um
prazo para a Caixa aumentar o seu número das pessoas passíveis de abrigar.
Então, eu estou trazendo essa questão para esta Casa, com grande preocupação,
porque estou vendo que estamos nos aproximando de um despejo, que vai ter
responsáveis, nós vamos indicar os responsáveis, se o despejo houver, vamos
orientar a população para utilizar todos os meios de pressão para conseguir uma
solução do problema, conseguir uma audiência com o Sr. Governador, ou, ao
menos, uma audiência com o Chefe da Casa Civil. Muitas vezes, resolvemos
problemas de despejo com o Governador Britto, por meio do Mendes Ribeiro, que
era o Chefe da Casa Civil, que mostrou, muitas vezes, sensibilidade. Esperamos
a mesma coisa de um Governo que, aliás, apóia a preocupação social do Governo
Lula. Então, estamos aqui com a ponderação que temos dessa questão, mas dizendo
que estamos chegando no momento limite. Pedimos até para a Verª Margarete
Moraes - daremos todos os subsídios - que interceda junto ao Governo do Estado.
É preciso um movimento do Governo do Estado para impedir esse despejo.
No
dia 6 de janeiro, encaminhamos, via Presidente da Casa, um Ofício ao Secretário
Alceu Moreira - para ser nos trâmites legais -, o qual será levado ao
Governador, que encaminhará para ele, pedindo o atendimento da nossa
solicitação de uma negociação urgente desta questão. Encaminhamos, também, uma
correspondência, via Presidência da Casa, aos Deputados Vieira da Cunha a
Estilac Xavier, de forma oficial, pessoas que nós estamos tratando, também, de
forma extra-oficial, que entendem que, às vezes, têm de dar um telefonema,
independente da tramitação burocrática, mas estamos encaminhando de forma
oficial, para que fique registrado.
Quero
dizer que, de parte do Deputado Estilac Xavier e do Deputado Vieira da Cunha,
têm havido preocupação com a tratativa, mas eles nos disseram que não há
intenção de o Governo conceder a audiência que havia sido prometida, que
teremos de tratar diretamente com o Secretário. Nós estamos ponderando com o
Secretário, estamos tratando há um ano, Ver. Zé Valdir. Portanto, estamos
sugerindo uma reunião com o Governador junto com o Secretário, ou do Chefe da
Casa Civil junto com o Secretário. Não queremos excluir ninguém, mas entendemos
que nesta hora é preciso uma postura firme nossa.
Para
concluir, minha Presidenta, ontem, fiz uma longa manifestação sobre a questão
da discriminação que os brasileiros estão sofrendo por parte do Governo
norte-americano, que isentou 27 nacionalidades de serem identificados ao
adentrarem nos Estados Unidos, e os brasileiros são tratados como índios, como
terroristas, e lá têm de ser identificados. Com soberania, o Governo brasileiro
está exigindo dos norte-americanos a mesma atitude, e hoje está na imprensa que
o Secretário de Estado, Colin Powell, está-se sentindo discriminado, porque os
norte-americanos têm de ser identificados aqui. Discriminado é o povo
brasileiro! Discriminados são os povos do terceiro mundo, tratados como
terroristas! Para eles, não vale aquela lei de que, até prova em contrário, as
pessoas são inocentes; lá, até prova em contrário, brasileiro é terrorista.
Portanto, aplaudimos a decisão do Juiz do Mato Grosso, que, levantando a
bandeira da soberania nacional, determinou que o americano seja tratado no
Brasil assim como o brasileiro é tratado na Norte-América. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver. Raul Carrion.
O Ver. Zé Valdir está com a palavra em
Comunicações.
O SR. ZÉ VALDIR: Sra. Presidenta, embora a norma culta
diga que tinha de ser Presidente o certo, vamos combater essa expressão
machista, sacrificando a norma culta e sempre saudando a nossa Verª Margarete
Moraes como Presidenta.
O
Secretário Alceu Moreira, Ver. Raul Carrion, tem tido uma prática de fazer o
que não deve, não fazer o que disse, não ir aos lugares que deve ir e ir aos
lugares que não deve, ao lugar errado. Quando discutimos essa questão da Rua
Atílio Supertti, neste plenário, com o Secretário do DEMHAB, com o Secretário
Moreira e outras autoridades, o Secretário Moreira atirou-se para trás ali na
Mesa, como um paxá na hora de falar, e disse o seguinte: “Dinheiro não é
problema, nós colocamos a área à disposição”. O Ver. Sebastião Melo, que esteve
aqui, teve um riso de gozo e de regozijo, aqui do lado, porque o Secretário
disse que no Estado não havia essas burocracias do Orçamento Participativo, que
ele decidia, e acabou...! E ele estava garantindo...! E o plenário, aqui,
lotado de pessoas desesperadas que aplaudiram o Secretário entusiasticamente.
Depois o Secretário negou tudo o que disse e doou uma área inabitável, porque
ele sabia que era inabitável, sabia que para transformar, para torná-la
habitável, teria de haver um enorme investimento e teria de levar mais de dois
anos, e aí o prazo que a Justiça deu já teria ido para o beleléu.
Depois,
quando nós o convocamos para uma reunião para discutir o problema do Parque dos
Maias, ele não veio e invadiu uma reunião, aqui, de forma intempestiva. O
Presidente, na época, o Ver. João Antonio Dib, até deu um espaço fora do
Regimento, a meu ver, para que ele se explicasse, aqui, do desagravo, onde ele
disse que ele ia a todas as reuniões. Na reunião seguinte, ele foi convocado
segundo todo o trâmite, todo o ritual que ele propôs, mas não veio à reunião.
Portanto, esse Secretário vai ter de responder, esse Secretário e o Governo
Rigotto vão ter de responder se alguma coisa acontecer àquelas famílias que
estiveram aqui no plenário, que ouviram o Secretário e o aplaudiram, quando ele
disse que dinheiro não era problema no Estado, que lá não havia as burocracias
do Município, do Orçamento Participativo, que o que ele decidia estava
decidido.
O Sr. João Antonio Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Zé Valdir, quando o Secretário esteve aqui e usou da
palavra, ele esteve em Comparecimento, e, no Regimento Interno, não se poderia
nem entender que alguém comparecesse e ficasse mudo.
O SR. ZÉ VALDIR: Mas eu não vi, ainda, em qual artigo do
Regimento V. Exa. se embasou para dar a palavra ao Secretário, para ele fazer
desagravo, quando ele não tinha sido agravado em nada. Quem foi agravado, quem
sofreu, foi o povo que esteve aqui com a promessa do Secretário, que não foi
cumprida, um Secretário que sistematicamente não vem às reuniões.
O Sr. Raul Carrion: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu queria dizer que naquele dia, inclusive, eu pedi a palavra,
porque o Secretário manifestou uma crítica à CUTHAB, que é um órgão da Casa,
não foi a um Vereador. E nós quisemos esclarecer no momento, e aquilo foi um
momento, inclusive, de divergência com o Ver. João Dib, que se negou a dar a
palavra para um Vereador que representa um órgão desta Casa, para responder a
uma acusação falsa do Secretário. Mas tudo bem, eu, pela amizade que tenho ao
Ver. João Dib, relevei. Agora, quero dizer, aproveitando o ensejo, que, em
qualquer Comparecimento, há direito à palavra, principalmente, quando se trata
de um Comparecimento onde há uma crítica a um órgão da Casa, como a CUTHAB. O
convite oficial chegou para ele em tempo, além do convite extra-oficial, que
chegou em tempo, e ele deixou um povo esperando aqui, ele não veio e ainda
acusou a Casa de não tê-lo convidado em tempo. Então, agradeço o aparte.
O SR. ZÉ VALDIR: A segunda questão que eu quero abordar é
a questão levantada pelo Ver. João Antonio Dib, ou melhor, eu quero apresentar
um caminho para a resposta. Por quê? O Ver. João Antonio Dib faz uma série de
críticas no tocante ao Orçamento, dizendo que dá para pagar a bimestralidade,
apresentando uma série de dados. O Ver. João Antonio Dib é extremamente
diligente, aplicado, sério, pesquisou, e eu não poderia, Ver. João Antonio Dib,
dar uma resposta que não fosse também embasada nos dados, pela importância do
tema que V. Exa. traz, pela seriedade com que V. Exa. apresenta os dados, pelos
dados que V. Exa. apresenta.
Claro
que dados não são auto-interpretáveis. Todo dado tem sua interpretação. E a sua
interpretação certamente está contida no pronunciamento que Vossa Excelência
fez. Então, eu quero combinar uma coisa com Vossa Excelência: nós vamos pegar o
seu pronunciamento, vamos analisar os dados e vamos fazer esse debate aqui no
Plenário - alguns debates, mais de um, quem sabe - sobre essa questão. E não,
necessariamente, este Vereador, ou apenas este Vereador, todos os membros poderão
debater. Mas vamos fazer isso em cima dos dados que V. Exa. apresentou no seu
pronunciamento de hoje. Portanto, eu só quero dizer que nós vamos fazer esse
debate e vamos fazê-lo com seriedade.
Eu
quero dizer também que fico muito contente por V. Exa. defender a
bimestralidade, porque, quando nós levantamos a política da bimestralidade,
muitos Vereadores - acho que não foi o caso de V. Exa. -, nesta Casa, tratavam
a questão da bimestralidade com um certo desprezo, quando nós dizíamos que a
bimestralidade era uma conquista e que pouco ou nenhum empregador deste País,
muito menos empregador de órgão público, adotava uma política semelhante. E é
graças a essa política que o salário, por exemplo, dos professores do Município
de Porto Alegre, Ver. João Antonio Dib, não está defasado, não está, hoje, como
está o do Estado. Hoje, o salário dos profissionais da área da Educação do
Município é mais de três vezes superior ao salário dos professores do Estado. E
foi essa política que repôs o período inflacionário.
O Sr. João Antonio Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, eu quero dizer a V. Exa. que todos os dados que
apresentei aí estão no Diário Oficial do Município, com exceção das
disponibilidades bancárias da Prefeitura. Essas, sim, eu tenho solicitado ao
Secretário da Fazenda, já que não se consegue tirar no computador, como deveria
ser, diariamente a disponibilidade da Prefeitura. Então, a cada mês, eu peço
essa informação, uma vez, e o Secretário a tem fornecido com toda a gentileza.
O SR. ZÉ VALDIR: Ver. João Antonio Dib, é como eu disse,
os dados existem, só que V. Exa., como todos nós, tem de fazer interpretações
em cima dos dados. É isso que nós vamos debater, porque, por mais que a
matemática, como diz V. Exa, seja uma ciência exata, os dados são
interpretáveis, todos os dados são interpretáveis, senão, não se justifica, por
exemplo, durante o período em que V. Exa. foi Governo, todo o debate que se
estabeleceu com o Delfim Neto sobre os dados. Em cima dos mesmos dados, Delfim
Neto tinha uma posição, e a esquerda, do Brasil inteiro, tinha outra. Tudo é
uma questão de interpretação, e é esse debate que nós vamos fazer.
A
outra questão que eu fico muito contente de ver é que o 1º Fórum Social
Mundial, que foi tratado com absoluto desprezo pelo maior órgão de imprensa
deste Estado, que dizia coisas como: “Isso aí é um piquenique de esquerdas”,
que era “uma reuniãozinha de bagunceiros”... E, hoje, quando o mundo começou a
reconhecer esse evento, esse órgão de imprensa, que se gaba de ser moderno,
teve de sair correndo atrás da notícia. Hoje, não há quem não reconheça a
importância do Fórum Social Mundial.
Só
há uma coisa que eu não sei se é equívoco, falta de informação, má-fé ou tudo
junto. Agora, dizer que o Fórum Social Mundial tem de ser mais aberto - ora! -
e dar a entender que o Município tem de tornar o Fórum Social mais aberto...! O
Fórum Social não é do Município, não é do PT, é de entidades não-governamentais
internacionais! Deveriam saber isso!
Em
segundo lugar, dizer que o Fórum tem de ser mais aberto... Porque o Fórum é um
Fórum antiDavos! É um Fórum que reúne todos os pensamentos contra o
neoliberalismo, porque os mesmos que vêm aqui dizer isso não defendem, por
exemplo, que o Fórum da Liberdade, que é um Fórum do neoliberalismo, tenha
posições de esquerda lá dentro. Ah! Lá não pode, porque é promovido pelos
caciques defensores do neoliberalismo, e ali só fala neoliberal para combater
toda e qualquer idéia contra essa farsa da globalização. Aí, o Ver. Luiz Braz
não vem aqui defender que o Fórum da Liberdade tem de ter posicionamento de
esquerda ou no Fórum de Davos, que só discute o mundo do ponto de vista do
capitalismo internacional dos grandes monopólios, fazem com aparato policial,
não deixam ninguém participar, nenhum representante popular; o Ver. Luiz Braz
não vem aqui defender isso. Agora, o Fórum Social Mundial, que, bem claro, é um
Fórum de posições das mais diversas, tem um limite: as posições antiDavos, que
são contra a saída neoliberal, dizendo que um outro mundo é possível além do
neoliberalismo.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver. Zé Valdir.
O
Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sra. Presidenta, Srs. Vereadores, pena
que o Ver. Raul Carrion não se encontre no plenário. Ontem ele fez uma furiosa
investida em direção à pessoa do Presidente Fernando Henrique Cardoso e contra
o Governador Rigotto; hoje, ele pede para negociar. Fica uma posição muito
difícil, não da negociação, mas em relação à coerência do Vereador, porque o
próprio Governador Rigotto disse que tem dificuldades financeiras - e quando
qualquer Secretário chegar aqui e disser que dinheiro não é problema está
mentindo; dinheiro é problema em qualquer lugar do Brasil ou do mundo hoje -,
na análise que fez do balanço do Estado no ano de 2003, acusou um déficit de
400 milhões. E, nesse déficit de 400 milhões, superpõe-se a despesa deixada
pelo Governo anterior que é de mais de 400 milhões, quase 500 milhões. E o
Governador do Estado nunca tocou nesse assunto, nunca disse que a questão era
do Governo anterior. Ontem a Verª Clênia Maranhão disse: “É daqui para a
frente”. Para trás, esse tipo de análise é o ar da saudade, e nós queremos
buscar a questão futura. Uma das coisas que mais me encanta no Rio Grande do
Sul são as suas tradições. Mas, quando começamos a ter um excesso de fundação
de novos centros de tradição gaúcha, é porque estamos olhando muito para o
passado e não temos futuro.
Milhares
de coisas que se dizem quando não se é Governo, quando se é Oposição - como
disse o Presidente Lula -, são bravatas, e os bravateiros passam aqui a toda
hora, neste microfone, a dizer: “O capital volátil internacional...” Hoje o
capital volátil internacional é adorado, idolatrado e endeusado. E que bom que
vieram os capitais para o Brasil, e que bom que eles sejam o sustentáculo,
inclusive, mesmo que momentâneo, de uma economia que poderia estar caótica, mas
não está. Isso é muito interessante, porque o FMI era o vilão, agora é o
mocinho. O Bush era o vilão, agora é tratado assim: “Que encanto, que
personalidade, que maravilha!”, pelo nosso Presidente, que está encantado pelo
Presidente americano.
Então,
existe esse nacionalismo xenófobo de dizer que os americanos tratam mal os
brasileiros. Mentira! Nos Estados Unidos, existem milhões de brasileiros
trabalhando que são muito considerados, muito apreciados. Que digam que eles
têm preconceito com porto-riquenho, com os cucarachas,
sim, mas os brasileiros não sofrem isso nos Estados Unidos, seja como turistas,
seja, inclusive, como novos cidadãos americanos que adquiriram o direito de
morar nos Estados Unidos, que adquiriram o cartão
verde deles, o Green Card.
Essa
coisa de ser Governo numa hora, de ser vidraça e bodoque, será que os Governos
anteriores, em todos os momentos, não deixaram dívidas? Ora, alguns olham para
o passado e dizem: “A culpa é do Fernando Henrique!” Pois a mesma pessoa que
pediu que não se julgasse o Governo Lula no primeiro ano deveria ser a mesma
pessoa que deveria pedir que não se julgasse o Governo Rigotto no primeiro ano.
Na
questão da segurança, se o Secretário de Segurança disser que vai resolver a
segurança, ele é mentiroso. E eu acho que deveria ser analisada de uma outra
forma completamente diferente da forma exploradora e com ganhos secundários
ridículos como é tratar pontualmente os assuntos. Podem os Vereadores se
basear, por exemplo, em José Vicente Tavares dos Santos, pesquisador da UFRGS,
que tem trabalhos publicados sobre esse assunto. Claro! Agora dizer que esteve
uma pessoa lá, que está sendo perseguida por um traficante, ou que está com
problemas de segurança ou de insegurança... Ele vai insistir. Está disseminado
em toda a sociedade, porque essa é uma das maiores crises da história do mundo.
E nós com problemas gravíssimos como esses que acontecem diariamente nos fins
de semana, quando nós deveríamos ter uma festa no Litoral gaúcho, e as famílias
voltam chorando, com perdas por afogamento, por acidente de automóvel ou por fogos
de artifício.
Hoje
nós deveríamos tratar desse assunto que é nada mais, nada menos do que, entre
aspas, a lambança política. Isso não serve. O que serve é a objetividade. E
vamos esquecer as questiúnculas do passado e vamos em busca de um futuro que nos
aguarda, muito próximo e nos cobrando a responsabilidade, inclusive dos nossos
descendentes, do mundo que deixarmos para eles.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver. Cláudio Sebenelo.
O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Comunicações.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sra. Presidente, Srs. Vereadores, evidentemente, nesta Casa, tambor da ressonância
de todas as aspirações populares da cidade, o debate se estabelece sempre com
grande intensidade e com muita diversidade. É preciso que todos tenhamos a
consciência de que fugir desse debate amplo é uma posição não recomendada. Mas
também é necessário que se tenha cuidado no sentido de que a amplitude do
debate não nos leve à cegueira, de nós deixarmos de ver as coisas mais próximas
e que estão muito mais vinculadas à nossa atividade parlamentar do que essa
amplidão de assuntos que nos faz, com muita freqüência, transformar esta Casa
em algo assemelhado à União das Nações Unidas, com debates a respeito de
preconceitos americanos, de situações internacionais, da crise da globalização,
da crise do socialismo, enfim, de todas essas mazelas, que são fatos
universais, mas, que, naturalmente, repercutem aqui conosco. Mas, como eu digo,
Ver. Luiz Braz, nós não podemos incorrer no erro da cegueira de deixar de ver
as coisas que nos são próximas.
Esses
primeiros dias de recesso, interrompidos com a convocação extraordinária que
ensejou aquela memorável Sessão em que V. Exa. foi eleita Presidente da Casa, Verª
Margarete Moraes, nos permitem alguns contatos, e, à medida que a gente sai da
Casa e vai ter contato com a comunidade de forma mais direta, começam a surgir,
Ver. Zé Valdir, as reclamações do cotidiano da Cidade de Porto Alegre.
Uma
das reclamações, ontem, quando fui à Restinga, foi-me cobrada com muita
intensidade, e eu tenho de reproduzi-la aqui da tribuna. Questionaram-me,
finalmente, sobre o transporte seletivo direto, previsto em Lei, motivo de
debates aqui nesta Casa, que foi, inclusive, num primeiro momento, questionado
judicialmente; que foi corrigido por uma medida proposta pelo Executivo e que
nós encampamos neste Legislativo, assegurando os votos mais do que necessários
para a sua aprovação, que previa e que prevê um prazo no qual será
necessariamente aberto um edital de licitação para a constituição da primeira
linha de transporte seletivo direto - lotação especial -, que vai beneficiar a
Zona Sul da Cidade de Porto alegre, especialmente o núcleo habitacional do
bairro Restinga.
Eu
vejo com alguma preocupação o tempo correr, e não há sinais da abertura desse
edital, o que cria uma expectativa muito forte e, de certa maneira, uma
frustração. Ainda há pouco, um jornalista do jornal Diário Gaúcho, que se ocupa
muito desse assunto, em tom de brincadeira, dizia-nos: “Parece que vocês se
transformaram na ‘velhinha de Taubaté’, porque só vocês acreditam que há
vontade política de fazer isso. Vocês estão há dez anos tratando desse assunto,
já fizeram várias leis, agora a Lei já nem é mais nem de vocês, foi do
Executivo, vocês apenas sacramentaram com o seu apoiamento. Passa ano, vira
ano, e as coisas continuam da mesma forma."
Então, Ver. Luiz Braz, com
a maior preocupação com todas essas mazelas que vive a Nação, especialmente por
essa recessão induzida, que gerou toda essa gama de desemprego, com
conseqüências das mais nefastas para a economia e para a vida social
brasileira, eu não vou me esquecer de cobrar pela minha Vila Restinga, de
cobrar pelo bairro Restinga, de cobrar pela Zona Sul de Porto Alegre. Eu posso
ter cometido, sim, o equívoco da ingenuidade, estou lutando nesse assunto há
muito tempo. Mas eu mantenho em pé a minha confiança no Prefeito Verle, de que
ele não vai consolidar essa frustração absoluta que todos nós ficaríamos
tomados, se tivesse fluído este prazo - que já foi renovado - de sete meses e
que está próximo de se esgotar. Eu tenho plena confiança de que o Prefeito
Verle, quem sabe até, Verª Margarete, dê-lhe essa incumbência, agora nesse
período em que V. Exa. vai estar na Prefeitura da Cidade, de assinar o edital
convocatório que abra a licitação - exigência da legislação brasileira -, já
que novas vias de transporte coletivo não podem ser concedidas, a não ser por
licitação pública. Nós, claramente, dobramo-nos diante desta realidade e
esperamos que se abra essa possibilidade. Espero que não seja feito no último
dia do prazo legal, que é de sete meses e que se esgota no início de março, que
não se espere até o derradeiro momento para a abertura dessa licitação - passo
inicial, fundamental, necessário e indispensável para que se desdobre,
finalmente, e se desenrole a novela que tem acompanhado este assunto. Eu tenho
confiança de que isso deve ocorrer, mas estou me precavendo, antecipando e
fazendo este alerta.
Aqui
nesta Casa, nós últimos dias, tem-se discutido como é que se faz oposição. Há
gente até que pretende ser professor, dizendo como é que a gente tem de fazer,
quando é que a gente tem de votar contra o Governo, quando é que a gente faz
acordo com o Governo... Há gente querendo ensinar. A mim não é preciso ensinar,
eu já disse claramente. Tenho feito uma oposição responsável, séria,
transparente, não faço negócios escondidos, não faço composição fora do
Plenário... Eu sou aberto, todo o mundo sabe quando estou apoiando algumas
propostas do Governo, são claríssimas, eu tomo a peito o assunto e vou em
frente, não escondo essas minhas posições.
Ainda
há pouco, com relação ao Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, como
Relator-Geral, abri uma ampla discussão; o Secretário da Fazenda, eu acho que
vinha mais no meu gabinete do que no seu próprio gabinete. Fizemos um belo
trabalho, respeitável, digno; fizemos uma enorme decomposição, toda às claras,
consagrada aqui pelo Plenário da Casa.
Agora,
com toda essa boa-fé que tenho, com toda essa clareza de posições que tem
caracterizado a minha ação nesta Casa, ao longo de todo o tempo em que aqui
estive, eu não vou deixar passar batido
se me baterem a carteira nesse
assunto.
Ora,
Prefeito Verle, com a honestidade de quem tem dialogado respeitosamente com V.
Exa. e às claras, venho aqui, mais claramente ainda, dizer o seguinte: se
caducar esse prazo, se não forem tomadas as providências devidas, olha, V. Exa.
fica advertido de que irá conseguir um milagre, vai transformar uma pessoa que
é naturalmente conciliadora, calma e tranqüila num endiabrado opositor. Aí,
sim, cego opositor; disposto inclusive a utilizar-se de algumas coisas que a
vida lhe ensinou e que jamais, por ética, usaria, mas que o fará em desespero
de causa. Eu não vou pagar esse vale, nem pagar
esse mico, para usar uma expressão que lá na Nova Gleba a gente usa com
muita freqüência, não é, Ver. Zé Valdir? Nós sabemos que isso vem de longe - e
certamente eu vim de longe -, não pode ir mais longe ainda.
Por
isso, Vereadora-Presidenta, ao saudá-la, quando V. Exa. inclusive se prepara
para assumir a Prefeitura Municipal, o que é, de certa forma, uma honra para
todas as mulheres desta Cidade, é uma honra para as nossas colegas aqui do
Legislativo, eu gostaria de alertar que V. Exa., substituindo o Prefeito por
dez dias neste mês, de 14 a 24 - parece que é essa a autorização que nós vemos
no dia de hoje -, se ficar com essa responsabilidade na mão, fique resguardada,
no sentido de que V. Exa., que é uma amiga da Restinga, que pertence ao
Conselho Deliberativo da nossa escola de samba, que tem o apoio do núcleo
petista da Restinga, não será conivente com uma traição a essa nossa luta
antiqüíssima, que nós vimos desenvolvendo ao longo do tempo e que agora, queira
Deus, está prestes a chegar ao seu desfecho final e feliz.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver. Reginaldo Pujol.
Neste
momento, a Presidência recebeu uma comunicação do Ver. Carlos Pestana
anunciando os dois novos Vice-Líderes da Bancada do Partido dos Trabalhadores:
o Ver. Darci Campani e o Ver. Zé Valdir.
O
Ver. Zé Valdir está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ZÉ VALDIR: Eu me inscrevi em Comunicação de Líder
para falar sobre o discurso do Ver. Cláudio Sebenelo. Aliás, na minha primeira
fala, eu não tive tempo suficiente para abordar, com base naquele tema que o
Ver. Sebenelo falou na sua primeira intervenção, um quadro mais amplo sobre
essa questão dos explosivos e das pessoas que morreram no final do ano em
função de bombas e coisas desse tipo.
Eu
queria fazer uma reflexão sobre a segunda intervenção do Vereador, quando ele
criticou o Governo Lula, quando ele disse que nós estamos abandonando a nossa
linha de campanha. Eu quero divergir profundamente disso. O Vereador disse que
nós estamos negociando com o FMI, que nós somos continuidade do Fernando
Henrique. Bom, como se diz na linguagem popular, isso é forçar a barra. É a mesma coisa que nós dizermos que a monarquia
inglesa não passou por uma revolução liberal, porque se manteve a forma da
monarquia. Até hoje há rei na Inglaterra, quando todos os países, no final do
século XVIII, na Revolução Francesa, aboliram a monarquia e optaram pela
república. Nós sabemos que ouve, sim, um processo, só que não foi o mesmo
processo de ruptura da Revolução Francesa; as transformações no mundo ocorrem
por ruptura ou por transição. No caso da Inglaterra, a transformação deu-se por
uma transição; na França, por meio de uma ruptura revolucionária, que foi a
Revolução Francesa.
Nós,
no PT, nunca dissemos que íamos tomar o poder de assalto, por isso inclusive
somos um Partido legal e, em todo o processo de campanha, nós não dissemos que
não íamos cumprir com os acordos, que nós não íamos sentar com o FMI e
negociar. Nós não dissemos isso, até porque, se nós disséssemos, iríamos perder
as eleições e seria até um prato feito. Mesmo não tendo dito isso, tendo dito o
contrário, que nós íamos manter os acordos e que nós íamos negociar, muita
gente anunciou o caos, afirmando que, em três meses, o Governo do Lula iria
estar numa situação de isolamento perante o mundo, como o Governo da Venezuela.
É
forçar a barra dizer que, hoje, a
negociação que se estabelece no Governo Lula com o FMI, a relação que o Governo
Lula tem com os centros do imperialismo, com os países do Primeiro Mundo é a
mesma relação do Fernando Henrique. Isso qualquer cidadão desta Cidade
medianamente informado, qualquer pessoa de QI mediano sabe que não é. Pela
primeira vez, nós estamos sentando com o FMI de cabeça erguida. Nós estamos sentando
com o mundo, negociando com o mundo de cabeça erguida! Afirmando a soberania
nacional! O Brasil hoje é um dos países que lidera um grupo de países
latino-americanos, é uma esperança da América Latina, lidera um bloco de países
na América Latina e no resto do mundo, dos países pobres. Mas quem é que não vê
isso? E vem dizer-me que nós estamos fazendo a mesma política subserviente,
neoliberal de Fernando Henrique! Tenham a paciência, assim não dá, a população
de Porto Alegre não é burra! É absolutamente diferente! Aliás, é por isso que
hoje o Brasil é uma grande esperança para os países em desenvolvimento, os
países pobres e os países subdesenvolvidos do mundo inteiro. E é por isso que o
Lula é tão festejado em qualquer lugar do mundo que vai e é por isso,
inclusive, que o risco-Brasil está diminuindo.
Aqueles
que anunciavam o caos, dizendo que a taxa de juros não iria parar de subir,
nunca mais falaram. Há poucos meses vinham aqui e anunciavam o caos, e nós
dizíamos: “A taxa de juros vai baixar!” Aí começou a baixar a taxa de juros, e
sumiu esse assunto da pauta. Como agora nós estamos dizendo: “A política de
criação de empregos vai começar, a partir de agora!” E muita gente não
acredita, porque fazem esse raciocínio simplista, julgam as coisas pelas aparências,
como alguém que não sabe nada de história diz: “Bom, não houve revolução na
Inglaterra como houve na França, porque, na Inglaterra, mantiveram a
monarquia.” É um absurdo isso! Os processos são processos de transformação por
transição ou por ruptura. Nós estamos fazendo um processo de transição no
Brasil.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. DARCI CAMPANI: Nobre Verª Margarete Moraes, só para
responder ao Ver. Reginaldo Pujol, que se encontra aqui no plenário, gostaria
de dar uma informação rápida para não tomarmos muito tempo. A Lei diz que são
210 dias. A Lei foi publicada no dia 9 de outubro, portanto o prazo é até 9 de
maio. A Lei prevê uma Audiência Pública que será realizada no finalzinho deste
mês ou no início de fevereiro, e, dez dias após a Audiência Pública, sairá o
Edital. Então, o Edital da Licitação estará na rua já no mês de fevereiro.
Teremos de fevereiro a maio para concluir a licitação, que esperamos que seja
plenamente atendida.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada.
O SR. REGINALDO PUJOL: Quero me congratular com o Ver. Darci
Campani, que está debutando muito bem como Vice-Líder do Partido e com muita
eficiência. Espero que ele continue assim! E vamos aguardar fevereiro. Em
fevereiro, não só haverá carnaval, como haverá o Edital, também. Ótimo!
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Uma vez cumprida a ordem dos trabalhos
estabelecida nesta Reunião, estão encerrados os trabalhos.
(Encerra-se
a Reunião às 11h50min.)
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